Redefinição das fronteiras entre o públicoprivado e implicações para a democratização da educação: o caso brasileiro1

Autores

Palavras-chave:

Sujeitos individuais e coletivos, políticas públicas de educação, público, privado

Resumo

Este artigo tem como objetivo apresentar estudos sobre o modo como os sujeitos privados se organizam e agem no Brasil, a partir de pesquisas e publicações realizadas pelo Grupo de Pesquisa Relações entre o Público e o Privado em Educação (GPRPPE). No texto, que se caracteriza como um memorial reflexivo, destacamos dois grupos de sujeitos individuais e coletivos: os movimentos
empresariais organizados e as instituições privadas que agem no âmbito da escola, influenciando a elaboração/direção e execução de políticas públicas de educação. As pesquisas foram realizadas no contexto brasileiro, com recorte temporal do período pós-redemocratização até o projeto neoconservador atual, e estão disponíveis no site do Grupo. Nossos estudos evidenciam que os sujeitos privados constroem consenso, disputam um projeto societário baseado no mercado e atuam na definição da direção e execução de políticas educacionais e do processo educativo.
Além da disputa pela política, levada a cabo pelos sujeitos coletivos Todos pela Educação e Movimento pela Base Nacional Comum, trazemos exemplos de sua materialização no interior da escola, desde a gestão gerencialista ao currículo e às práticas pedagógicas, nas propostas do Instituto Ayrton Senna, Fundação Lemann e Instituto Unibanco.

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Publicado

2021-11-01

Como Citar

Paula, Liane Maria, & Lucia. (2021). Redefinição das fronteiras entre o públicoprivado e implicações para a democratização da educação: o caso brasileiro1. Polifonías, (19), 81–109. Recuperado de https://plarci.org/index.php/polifonias/article/view/949

Edição

Seção

Dossier